domingo, 20 de outubro de 2019



Vida,
Teus instantes me obrigam a seguir o compasso inconstante de um tempo que se sustenta apenas nos teus quereres. Te fazes mesquinha e miserável. Não percebes o quanto me ajusto para caber em cada segundo desse ciclo incansável. Te esqueces o tanto que me dedico a cumprir com as insanidades que me cobras e cruelmente vens a me retribuir com o que menos desejo.
Quando irás notar a minha existência e tudo que almejo a te mostrar? Há da saber que, por vezes, me exausto e não sei até quando serei súdito das tuas cobiças.
Apenas me enxergas uma única vez e dá-me a chance de entregar-lhe um pouco de mim, do que verdadeiramente me pertence. Me permites isso. Deixa que, mesmo sem querer, por uma brecha, eu possa descumprir com a ordem das coisas e ser um pouco de mim mesmo.
Só para que, enfim, eu perceba qual a graça de permanecer nessa trama onde apenas tu decides quem irá carregar consigo os prazeres ou os desgastes desse instante em que chamamos pelo teu nome: Vida.

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