Perdi-me depois de sua partida. As esperanças tidas quando ele aqui ainda permanecia foram levadas dentro dos
amontoados embrulhos postos numa mala pequena que carregava às pressas durante
a indesejada viagem.
Perdi-me. Talvez ele tenha me
levado, ou talvez me jogado entre as estradas tantas que fizeram parte de seu
itinerário.
Desconheço o motivo de sua partida. Foi sem ao
menos justificá-la. O adeus foi sua única resposta quando intrometi-me em,
junto aos prantos, perguntar-lhe um porquê. Queria apenas um motivo, mesmo que
fossem cobertos por mentiras. Só para dar-me o prazer de crer que ainda eu lhe teria um
pouco de importância.
Ele se foi pelas vastas estradas, sem deixar
vestígios, ou esperanças de uma volta. Levou-me junto, talvez pelas cartas onde
doei-me às palavras e me pus a escrever os tantos versos jurando o amor que
nunca neguei ter. Talvez pelos retratos que roubou de meu álbum e depois os
encontrei dentro de sua carteira.
De qualquer forma, levou-me. Só espero que não
me tenha jogado durante sua viagem. Só espero que, de mim, ainda tenha restado
alguma lembrança, por mais que eu não acredite em sua volta. Por mais que eu
não o queira de volta.
Só espero reconstruir-me e ocupar, de alguma
forma, a ausência deixada pela sua partida. E espero.