
Seus desejos eram muitos, queria reencontrar-se com o passado que distanciava dela a cada dia que passava. Quis chegar onde não mais podia, quis de volta quem já não estava presente.
Sentada naquele lugar sombrio onde a noite chegava junto com a chuva que ela tanto esperava, misturou as lágrimas que vinham de seus olhos com as que vinham das nuvens que pareciam chorar com ela. Entristeceu-se por o tempo não obedecer suas preces, por ele não trazer de volta o que havia retirado de suas mãos. Pudera ele trazer aquele que era sua maior felicidade, mas não. O que restava era ter que descobrir no futuro que lhe esperava uma outra felicidade que pudesse trazer os sorrisos que não existiam mais em seu rosto. Mas não quis livrar-se do passado, muito menos procurar felicidades por aí.
Se alimentava de ausências que a preenchia sem dar espaço para mais nada dentro dela, e assim as cultivava, fazendo com que crescessem cada vez mais. Cultivava-as como cultivava as flores dos jardins que ela encontrava pelas casas onde passava.
Vivia assim, sentada em calçadas frias que guardavam seus segredos deixados pelas lágrimas que nelas caiam e regando as lembranças que jamais foram esquecidas.